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segunda-feira, 9 de agosto de 2010

AH... ESSAS PROVAÇÕES!

Nome: A PAIXÃO SEGUNDO G.H.
Autora: Clarice Lispector [maravilhosa!]
Porquê: “Provação: significa que a vida está me provando. Mas provação: significa que eu também estou provando. E provar pode se transformar numa sede cada vez mais insaciável”. Li esta frase em algum lugar e ela foi o suficiente para que eu quisesse ler o livro todo.
O livro em um tweet: G.H toma uma atitude incomum. À partir disso, todas as suas certezas desmoronam e várias questões surgem para que ela possa descobrir quem realmente é.
Páginas: 179
Editora: Rocco
Curiosidade: A história possui apenas uma personagem no momento presente dos acontecimentos, a G.H. Outros aparecem apenas nas lembranças da narradora.
Complemento: Criaram um perfil no Twitter com o nome da Clarice. Com frequência postam algumas de suas melhores citações. Dê um follow e se delicie: @clalispector
Avaliação: 8


A OBRA:
   G.H. mora sozinha em um grande apartamento. Certo dia, sua empregada despede-se e G.H. se vê tendo que fazer a faxina, inclusive, no quarto da ex-empregada. Ao entrar, depara-se com um universo completamente diferente de todos os ambientes do apartamento. O cubículo é todo branco, arejado e com móveis simples. Diferente de sua sala úmida, sem luz solar e erma.
 Ao explorar o pequeno quarto, G.H., após abrir a porta do velho e gasto guarda-roupa, se encontra frente a frente com um dos seus maiores temores: uma barata.
 Inicialmente, G.H. fica paralisada. Depois, amedrontada. Em seguida, entra em pânico. Em um ato de coragem, fecha a porta do guarda-roupa prendendo a barata com metade do corpo (barata tem corpo? casca?) pra fora e outra metade pra dentro do armário. Ao observar o inseto, uma série de pensamentos e questionamentos começam a passar em sua mente.
 O interessante deste livro não é este enredo aparentemente simples. Na verdade, ao decorrer desta situação, a protagonista, G.H., passa a fazer inúmeros questionamentos sobre a barata, depois sobre si mesma. Todas as certezas que ela tinha até aquele instante desmoronam. Ela já não sabe mais quem é e porque está nesta vida.
 Eu diria que as dúvidas da personagem fazem parte de uma verdadeira filosofia. Ela inicia com questões básicas, como “quem sou eu? por que estou aqui? qual o sentido da vida?”. Depois, começa a refletir sobre questões mais complexas da vida.
 Clarice Lispector esbanja talento ao descrever e expressar sentimentos e ações humanas. A sua escrita é tão fascinante e tão real que, muitas vezes, me peguei fazendo expressão de nojo ao ler sobre a grande e velha barata presa na porta do armário. Outras vezes, vi a história como uma grande metáfora da vida sobre o adquirir e o não adquirir conhecimento. Separei um breve trecho para você:


“Perdi uma coisa que me era essencial, e que já não é mais. Não me é necessária, assim como se eu tivesse perdido uma terceira perna que até então me impossibilitava de andar mas que fazia de mim um tripé estável. Essa terceira perna eu perdi. E voltei a ser uma pessoa que nunca fui. Voltei a ter o que nunca tive: apenas duas pernas. Sei que somente com duas pernas é que posso caminhar. Mas a ausência inútil da terceira me faz falta e me assusta, era ela que fazia de mim uma coisa encontrável por mim mesma, e sem sequer precisar me procurar. E agora, estou desorganizada porque perdi o que não precisava?”






Gostou da resenha? Não gostou da sugestão? Achou muito curto? Muito longo?
Por favor, comente abaixo para que eu possa fazer melhor da próxima vez! ;)
Lembrando que, além do BPS, você também pode me encontrar em:

2 comentários:

  1. Gêmea,

    Seu blog está lindo e o assunto tem tudo a ver com você.

    Aliás, sua paixão por livros sempre foi enorme e notória para todos que a conhecem de verdade.

    Estarei sempre aqui.

    BeijS2os

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  2. Oi!
    O que mais gostei foi o livro em um tweet!
    Mas também gosto quando há um trecho do livro!
    E ontem eu estava na Saraiva pensando em qual livro da Clarice Lispector comprar e na dúvida não levei nenhum ¬¬
    Vou voltar lá!

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